• Sexta-feira, 19 Dezembro 2025

Já arrancaram as obras de recuperação da Horta dos Príncipes no Palácio de Sintra

Imagem: Parques de Sintra

Arrancaram os trabalhos de recuperação da Horta dos Príncipes, parte integrante do Bosquete dos Jardins do Palácio Nacional de Sintra. O objetivo da obra, que deverá demorar cerca de seis meses, é restituir ao espaço a coerência histórica e formal e também a sua função contemplativa, educativa e representativa. A autenticidade do jardim barroco de Queluz será assim reforçada com esta intervenção.

Os trabalhos em curso contemplam a execução de um pavimento em saibro de granito amarelo estabilizado com cal hidráulica, material historicamente utilizado nos jardins do palácio de Queluz no século XVIII. Incluem, igualmente, a recuperação do canalete de irrigação, restituindo o traçado original e recorrendo a materiais tradicionais. Proceder-se-á, ainda, ao restauro dos componentes pétreos e azulejares das floreiras, com substituição dos elementos dissonantes, preenchimento de lacunas de vidrado e a sua reintegração cromática, bem como à conservação da pintura mural presente numa das floreiras. As peças de cantaria, como o lago, o banco e o brasão decorativo, também serão recuperadas.

Imagem: Parques Sintra

Investimento ronda 234 mil euros

A intervenção representa um investimento de cerca de 234 mil euros e vem complementar os trabalhos de conservação e restauro dos azulejos e dos elementos decorativos em pedra, nomeadamente, canteiros, alegretes e bancos, que foram realizados em 2023.

Localizada no maior talhão do Bosquete, junto ao Jardim Pênsil, a Horta dos Príncipes ocupa uma área de cerca de 1620 m². A palavra Bosquete vem do termo francês bosquet (que por sua vez, deriva do italiano bosquetto) e define um pequeno bosque, que era um elemento essencial no programa dos jardins setecentistas ao estilo francês e considerado o seu maior ornamento, porque realçava as partes planas — os parterres e os lagos — ao mesmo tempo que controlava o efeito de perspetiva através do prolongamento dos grandes eixos e das áleas do parque.

A Horta dos Príncipes é uma construção muito tardia, de finais de século XIX, e destinava-se ao cultivo de legumes comuns e exóticos, entre flores, plantas aromáticas e canteiros de buxo. Pensa-se que esta área tenha sido usada na educação dos jovens príncipes, estimulando o amor pela natureza, tão caro à Família Real, e a aprendizagem da Botânica e da História Natural. A disposição da horta reflete a organização ideal proposta por Jean de La Quintinie no tratado Le Parfait Jardinier de 1695 e corresponde à lógica compositiva do Bosquete representada na planta da biblioteca do Rio de Janeiro, de meados do século XVIII. Evocando a sua função original, os canteiros ainda hoje são usados para pequenas plantações hortícolas.

Intimamente ligado às vivências de três gerações da Família Real Portuguesa, o Palácio Nacional de Queluz e os seus jardins históricos constituem um conjunto patrimonial de referência na arquitetura e no paisagismo portugueses. O seu importante acervo reflete a evolução dos gostos e estilos da época, passando pelo barroco, o rococó e o neoclassicismo.

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