
Nuno Piteira Lopes (PSD/CDS-PP) tomou posse como presidente da câmara de Cascais e revelou que o novo executivo municipal será um “governo de competência”, juntando eleitos do PS e do Chega, e sem a participação do independente João Maria Jonet.
“O resultado dos acordos está a ser bastante positivo, houve abertura nomeadamente de dois” partidos “para aprofundar aquilo que era o diálogo” e “os compromissos que podiam ser, ou não, estabelecidos”, afirmou Piteira Lopes, dizendo acreditar que será possível fazer “um governo de competência e não apenas um governo de conveniência” em Cascais.
Em declarações à Lusa, o autarca social-democrata, que tomou posse no Centro de Congressos do Estoril, considerou ser “possível chegar a acordo com o Partido Socialista, uma vez que há muitos pontos em comum naquilo que é o programa da Coligação Viva Cascais [PSD/CDS-PP] e do próprio programa” do PS para o concelho de Cascais, no distrito de Lisboa.
O ex-vice-presidente da autarquia, que sucede a Carlos Carreiras (PSD), que atingiu o limite de mandatos, acrescentou que “será possível também chegar a algum tipo de acordo com os eleitos do partido Chega”, nomeadamente em “matérias, como é o caso da transparência, dos sistemas anticorrupção, da segurança, das auditorias, das normas de controle interno”.
“Estou disponível para, em conjunto com os eleitos do partido Chega, poder atribuir áreas e responsabilidades nessas temáticas, porque acho que Cascais ficava de facto a ganhar se todos os partidos estivessem disponíveis para trabalhar para bem de Cascais”, frisou.
Em relação às competências que poderão ter sido exigidas pelo PS, que elegeu dois vereadores, João Ruivo e Alexandra Domingos Carvalho, o social-democrata assegurou que não se tratou de “colocar condições”.
“Fizemos um diálogo aberto, um diálogo sincero, com base na confiança mútua entre aquilo que foram os eleitos, quer da coligação Viva Cascais, quer do Partido Socialista, e não com base no desconfiar um do outro e, por isso, tem que estar tudo escrito, porque não é esse o espírito”, assegurou.
Para já, Piteira Lopes escusou-se a pormenorizar as competências que serão assumidas por cada vereador, nomeadamente aos eleitos do Chega, João Rodrigues dos Santos, reeleito depois de no mandato passado ter integrado a comissão de fiscalização da Águas de Cascais, e Pedro Teodoro dos Santos, desvendando apenas que “é possível ter todos os eleitos” a “trabalhar por um bem comum que é o próprio concelho”, em “matérias diferentes, mas onde cada um pode dar o seu contributo”.
No entanto, nem todos os vereadores assumirão pelouros, pois o independente João Maria Jonet, que se desfiliou do PSD para se candidatar à câmara, e António Castro Henriques, que ficaram à frente do Chega, “quiseram ficar de fora”.
“No final do dia, o grupo de cidadãos independentes que dizia que queria ‘Cascais para viver’, foi fácil de constatar que a única coisa que procuravam era viver à conta de Cascais”, lamentou Piteira Lopes, apontando que a preocupação “foi de quantos assessores é que podiam ter na assembleia municipal” e na câmara, “ao invés de quais as competências e quais as áreas que estavam disponíveis para contribuir dentro da câmara”.
Questionado pela Lusa antes da tomada de posse, João Maria Jonet confirmou que a coligação Viva Cascais ofereceu a “possibilidade de integrar o executivo de forma muito amadora”, pois “queriam integrar todos”.
Para o independente, não faz sentido integrar o executivo “dadas as divergências grandes” em relação ao “ordenamento do território e partidarização da câmara”, até porque os pelouros falados seriam “Urbanismo sem PDM [Plano Diretor Municipal] e Finanças sem possibilidade de escolher equipas”.
“Não nos pareceu sério e, portanto, mantivemos a posição de sempre que é fazer oposição construtiva, uma coisa que tem faltado muito a Cascais”, concluiu.
Além de Piteira Lopes, tomaram posse pela Viva Cascais para a câmara Luís Capão, Ana Coimbra, António Morais Soares e Frederico Nunes, e o reeleito presidente da Assembleia Municipal, Pedro Mota Soares (CDS-PP).