
Richard Rios e Francisco Trincão em duelo a meio-campo; Imagem: BOLA NA REDE
A noite na Luz começou atrasada e carregada de simbolismo. A pirotecnia estourava junto às claques e Otamendi, com ar solene, colocava uma coroa de flores em homenagem a Sérgio Caetano, figura maior dos Diabos Vermelhos. Quando o fumo assentou, o dérbi finalmente pôde respirar.
O Sporting entrou melhor e precisou de apenas três minutos para deixar o estádio em sobressalto: Trubin afastou como pôde um canto, Aursnes complicou na saída, e Luis Suárez surgiu isolado para obrigar o guarda-redes ucraniano a defesa instintiva. O Benfica tentou responder de imediato, mas o primeiro aviso dos encarnados morreu nas mãos de Rui Silva.
O equilíbrio inicial partiu aos 12 minutos, num lance que nasceu de mais um erro na construção benfiquista. Barrenechea perdeu a bola em zona proibida, Hjulmand recuperou e ofereceu o golo a Pedro Gonçalves, que não desperdiçou e colocou os leões na frente.

Benfica cresce com o empate
O Sporting parecia confortável, mas aos 27 minutos o Benfica encontrou a frieza que lhe faltara até então. Dedic acelerou pela direita e cruzou para o segundo poste, onde Sudakov, depois de um primeiro toque atrapalhado, conseguiu finalmente empurrar a bola para dentro da baliza. O empate fez tremer o sector visitante e devolveu vida à equipa da casa.
A partir daí, os encarnados cresceram. Rui Silva negou o segundo num lance aéreo após livre de Sudakov, e Dedic teve duas boas oportunidades — primeiro ao tropeçar em Pavlidis num remate que prometia mais, depois num cruzamento largo que quase encontrou o avançado grego. Do lado contrário, Luis Suárez ainda assustou antes do intervalo, mas Otamendi apareceu no momento certo para evitar males maiores.
Recomeço lento e jogo partido
A segunda parte abriu sem trocas e com o ritmo a cair. Dedic tentou reacender o jogo com um remate alto, enquanto Catamo respondeu com um cruzamento demasiado longo. Foram precisas as substituições para devolver alguma chama ao dérbi.
Com Simões e Quenda em campo, o Sporting ganhou pernas frescas, mas o Benfica foi quem criou mais perigo: Pavlidis obrigou Rui Silva a defender para a frente, Aursnes testou de imediato o guarda-redes leonino, e Sudakov voltou a aparecer para rematar para nova defesa segura.
O momento mais tenso surgiu aos 74 minutos. Richard Ríos ganhou nas alturas e, com a baliza aberta, viu Luis Suárez afastar quase em cima da linha, evitando a reviravolta. O colombiano voltaria a estar perto do golo aos 81’, com um disparo cruzado que passou a centímetros do poste.
Expulsão muda o final
As equipas jogaram as últimas cartas nos minutos finais, com ambos os treinadores a mexerem nas frentes de ataque. Mas tudo mudou aos 89’: Prestianni, que mal tinha aquecido, viu primeiro amarelo por entrada dura e, após intervenção do VAR, acabou expulso diretamente. O Benfica ficou reduzido a dez para os largos minutos de compensação.
Com superioridade numérica, o Sporting empurrou o rival para trás, acumulou cruzamentos e tentou encostar Trubin às cordas — mas sem verdadeira pontaria para transformar a pressão em golo.
No fim, o dérbi ficou empatado e deixou uma sensação agridoce para ambos. Houve emoção, houve intensidade, houve erros a mais… mas houve também um vencedor silencioso: o FC Porto, que viu os dois rivais tropeçar sem precisar de tocar na bola.
RICARDO PINHEIRO JORGE